Tu sabes do que eu gosto e como gosto…consegues decifrar o meu corpo, ler os meus desejos…em delírios me revelas e eu em despropósitos entrego-me…

A roupa estende-se pelo chão, provando a paixão do momento e inala os cheiros da tesão que paira no ar…olho-a e por entre as peças que outrora cobria os nossos corpos famintos e ao alcance da minha mão está um lenço de seda, pego-lhe e vendo-te os olhos…tu não resistes, porque sabes que te vou requintar o desejo…


Olho-te o rosto, afago-o, entrelaço os dedos no teu cabelo e puxo-te para mim numa violência tal que a tua expressão muda…estás assustado…não consegues descortinar o porquê do movimento…só quando te retiro a venda e novamente acasalamos os olhares, entendes que quero vir-me contigo…quero vulgarizar-me em ti e quero receber dentro de mim a tua volúpia.

Sinto o teu sugo quente acariciar-me as entranhas e ali me deixo repousar no teu enlaço…a ausência das palavras abraça-nos…
Recuperamos forças e em simultâneo a razão e não conseguimos evitar uma gargalhada soante…ali estávamos nós, de frente daquele indiscreto que por ocasião nos roubou a alma…agora parecia-nos retraído algo envergonhado face à nossa audácia. O espelho tornou-se o símbolo desta paixão que nos consumiu o corpo e a mente.
Ele ditou a nossa história…reflectiu os nossos desejos…ele terá sempre o reflexo de nós.
*** Ártemis ***