"Nu perante a câmara" começa com fotografias do século XIX, época em que estas eram tiradas para facilitar o trabalho dos pintores, mas que se transformavam em obras de arte por si mesmas, segundo detalha o museu. Este é o caso de "Nu feminino" (1853), uma imagem do fotógrafo francês Julien Vallou de Villeneuve, que provavelmente inspirou "Mulher com um papagaio" (1866), do pintor francês Gustave Courbet, que mostra figuras do passado "de uma forma surpreendentemente moderna".
|
No alto, "Reclining Female Nude" (1853), fotografia de Julien Vallou de Villeneuve; acima, a pintura "Femme avec un Parrot" (1866), de Gustave Courbet |
Mais tarde, no século XX, artistas como o húngaro Brassai, o americano Man Ray e o alemão Hans Bellmer utilizam o nu "como o veículo perfeito para o jogo visual e a prospecção psicossexual", segundo o museu, que põe como exemplo "Distorção #6" (1932), do também húngaro André Kertesz.
|
"Distorção #6" (1932) - André Kertesz |
Entre os fotógrafos contemporâneos, também há trabalhos de Robert Mapplethorpe, Diane Arbus, Garry Winogrand e Larry Clark, entre outros. De Larry Clark a curadoria incluiu na mostra uma imagem sem título que integra “Teenage Lust”, série que ele realizou entre 1972-1973. A imagem de Clark, que está entre as mais recentes apresentadas na mostra, antecipava as cenas fortes e a temática de seu filme mais polêmico, “Kids”, de 1995, que também provocou a ira dos mais moralistas ao abordar sem subterfúgios o avanço da AIDS e a sexualidade de adolescentes e pré-adolescentes em Nova York.
|
“Teenage Lust” - Larry Clark |
"Ao apresentar um resumo da história da fotografia através das representações da nudez, “Naked before the Camera” provoca para além dos domínios da arte e das fantasias de erotismo. Cada uma das imagens em exposição – mesmo aquelas que sob a distinção de "estudo de artista" enganaram os censores para dar início ao que se tornaria o comércio da pornografia – tem um apelo tão forte que pode levar o espectador a examinar as motivações e os significados sobre o que há de mais humano e que deveria ser o estado mais natural em nossa civilização: a nudez de nossos próprios corpos".
José Antônio Orlando Site semioticas
|
Edward Weston |